quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A inabalável “cultura” da repulsa ao 24.


O ódio ao 24 surgiu com popularização do jogo do Bicho (criado em 1892) que dava ao simpático veado a responsabilidade de carregar este número pelo resto da sua vida. Com o passar dos tempos a fama do “veado” se espalhou, virou piada, ofensa e uma das mais imbecis formas de preconceitos que existem, maquiada pelo víeis do “humor”.


Ai alguma pessoa pode imaginar. Mas, qual a lógica disso? Não é apenas um número? Sim! Deveria. É evidente que a numerologia está presente na vida das pessoas (de quem acredita ou não), vide o “azarado” para alguns e “sortudo” para outros, número 13. Porém, nem o número da besta (666) é tão achincalhado como o coitado do 24.

No entanto, uma pessoa lúcida deve imaginar... “ahhh mas, é só brincadeira, ninguém leva isso a sério, qual a lógica de um número dizer ou não que uma pessoa é homossexual”... É “pessoa lúcida”, você está errado. E para isso eu pego como exemplo o esporte mais popular do país, o futebol. Na série A do nosso maior campeonato, 13 clubes (olha o 13 aí) usam números fixos (ou seja, do 1 ao 99), então, fazendo uma conta rápida 13 x 30 (média de jogadores em cada elenco) temos ai 390 jogadores!... E adivinha qual é o único número (do 1 ao 50) que não é usado? Adivinha? Claro! O nosso herói: 24!...

Mesmo assim, você pode pensar: “mas que bobagem, os jogadores não usam porque não querem ser taxados de gay, não querem ser 'zoados'”. Certo! É exatamente esse motivo. No entanto, vamos pensar a luz da lógica; Não tem lógica! O jogador vai ser “zoado” porque usa um número? Então agora fulaninho é ou não é gay (o que nem deveria ser ofensa, mas, isso é outro assunto), porque usa UM NÚMERO? “Ahh. Mas, isso é da nossa cultura”, diriam os sábios. Exato! Assim, como a escravidão já fez parte da “cultura” (se você não sabe o que é uma analogia, perdão!).

Vamos ver o que o dicionário fala sobre “ser homossexual”:

Diz-se da relação sexual ou afectiva mantida entre pessoas do mesmo sexo.

Estranho não menciona nada sobre o nosso querido número. Então vamos fazer uma recapitulação da “lógica do 24":

1 - Ele nasceu do Jogo do Bicho (que é ilegal)
2 – Ele cresceu da associação do homossexual ao Veado (que é preconceito)
3 – Ele se mantém devido a “cultura” da ojeriza ao número 24 (que é uma idiotisse)

E mesmo assim, em um âmbito PROFISSIONAL que deveria ser um exemplo para sociedade, NINGUÉM tem a coragem (ou maturidade) de usar este número, quebrando, de certa forma, os paradigmas acima. Motivo? “ele será zoado”. Evoluímos bastante, hein? Ou será que não saímos da 5° série ainda.



PS. O goleiro Cássio, campeão da Libertadores pelo Corinthians, jogou com a 24 porque era obrigado (pelo regulamento da Commebol) quando pode optar pela escolha dos números o Corinthians  (que possuí numeração fixa) optou por não usar o nosso "herói".

"A cultura não se herda, conquista-se." André Malraux

Um comentário:

É o verbo...