sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Quando Bosco foi o melhor goleiro do mundo...


Meus pais não gostam de futebol. Por isso, não nasci numa casa com o “convívio social” propenso a gostar do esporte. Mas, é aquilo, sempre tem um tio (no meu caso dois) que leva você para o “mau” caminho. Nesse caso, ser torcedor do Sport (admitam, poderia ser pior).

No entanto, o assunto não é como me tornei, e sim, como era, quando criança, ser torcedor. Comecei a gostar do esporte (e do Sport) lá pelos anos de 98, 99... E nessa época, até por ser goleiro no mirim-a do meu colégio, era fã do Bosco (ex-goleiro do Sport). Para mim ele era o maior goleiro do mundo (apesar de que, de fato, ele era um dos melhores do país). Eu nunca tinha ouvido falar no Schmeichel (dinamarquês do Manchester United, em tese, o melhor naqueles anos), no Oliver Kahn que já se destacava no Bayern, Pagliuca ou até mesmo no Taffarel, esse último, só na Copa de 1998. Na minha “inocência”, o maior do mundo era o Bosco (e aí de quem duvidasse), vibrava com suas defesas e quando fazia as minhas, claro, não titubeava em gritar “Defende Bosco!!!”. Sim, eu queria ser ele.

O tempo passou, comecei a gostar e acompanhar mais o futebol nacional, estrangeiro, história, jogos antigos, etc. Enfim, fui me “especializando” no tema. E hoje, óbvio, rio da minha antiga ingenuidade. E apesar de ser muito fã do Magrão (atual goleiro do Sport), não diria que ele é o “melhor do mundo” (mesmo sendo melhor do que foi o Bosco e um dos melhores do país).

Porém, aí que está a questão...Vivemos no “mundo da informação”, hoje é bem mais fácil ter acesso a notícias de times e jogadores de todos lugares do mundo, assistir diversos campeonatos, pesquisar números/estatísticas, história, etc. E isso está criando uma das piores pragas que existe: o “especialista de futebol", arrogante. E o que é isso? É aquela pessoa que “não é clubista” (e se orgulha disso), que gosta do futebol pelo esporte em si (não "torce" para ninguém), acompanha de tudo e entende do riscado (ou acha que entende). Até aí, ótimo, nada contra esse tipo de espectador. Mas o problema começa quando ela acha que o esporte lhe pertence (é quase um elitismo “intelectual”) e passa a ignorar a “inocência” de quem apenas (e tem todo direito disso) acompanha seu time.

Essa pessoa é aquela que fará cara feia quando um torcedor do Santa Cruz (e que se preocupa apenas com o tricolor) falar que o Caça-Rato é o melhor jogador do time (ou do Brasil). “Você não entende de futebol. Os números mostram que André Dias é disparado um jogador melhor”, dirá nosso idiota da objetividade. Se um “torcedor comum” falar que o jogador do seu time (no Brasil) é melhor que o algum jogador do Barcelona, nosso “gênio”, provavelmente infartará... falará que não se compara o nível, que o futebol aqui é uma várzea, que o futebol europeu é o melhor do mundo, etc. Ele está errado? em tese, não. Mas, sua prepotência, sim. Sua tentativa de contrapor o lúdico com o lógico de forma arrogante, é patética.

O mundo do futebol também é lúdico e não objetivo. O do meu time é melhor porque é do meu time e pronto. Eu não me importo com números, nível, etc. não acompanho futebol pelo esporte em geral, acompanho porque gosto do meu time, simples. Ninguém pode ser culpado por não entender a fundo de algo (ser “especialista”). É óbvio que os Beatles são melhores que o Molejão (ou não), mas, eu posso dizer que prefiro o Molejão pelo simples fato de ser o que escuto. Não pretendo ser um “perito” em música, apenas, ouvir o que gosto como uma grande “brincadeira de criança”.

Então, se pudesse voltar no tempo e falar comigo mesmo na época em comecei a gostar de futebol. Além de provavelmente provocar um furacão em Tóquio (ver) e dizer que eu deveria pedir a Márcia em namoro. Me daria um abraço e apenas confirmaria que realmente...O Bosco é o maior goleiro do mundo.


Eu fico com a beleza da resposta das crianças / É a vida, é bonita e é bonita. Gonzaguinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

É o verbo...