segunda-feira, 19 de maio de 2014

A militância virtual e a realidade paralela


Se tem algo que nunca entendi bem (ou finjo não entender) é uma certa “perseguição” de determinados meios (pessoas e setores da mídia) ao que chamam de “militância virtual do PT”. É um ponto que, sinceramente, fico na duvida que seja ignorância ou má fé (ou os dois).

Primeiro ponto é que, evidentemente, não é uma prática só do PT, o partido, talvez, tenha avançado mais inclusive realizando eventos. Segundo ponto, e o mais importante, qual é o problema básico (ética e politicamente) de uma militância virtual? Qual a diferença de uma militante virtual para um “real”? (tirando o maior alcance e efetividade do virtual, em alguns casos). Apesar de não ser algo criado aqui, a utilização desse meio é algo necessário para todos os partidos, não é apenas um “plus” nas campanhas e sim uma obrigação.

Outra questão importante sobre à militância já falei nesse texto. Vejo muitas vezes argumentos (feito por militantes) sobre determinados pontos (do governo) sendo respondidos com um: “Ahhh você é pago pelo governo para falar isso”. Beleza, realmente muitos podem ser pagos, porém, isso serve como contra-argumento? E o que tem a ver com o assunto? A partir do momento em que se “trabalha” vendendo um “produto” (e a política não deixa de ser isso), você é pago para falar daquilo, porém, não significa que seu produto esteja com defeito ou seja ruim. Usar esse tipo de argumento é praticamente o mesmo de você ir numa loja e dizer a um determinado vendedor: “Não vou comprar essa TV. Você é pago para me dizer suas qualidades”. Não faz muito sentido. Cabe ao "consumidor" saber diferenciar o que é verdade ou que é um argumento válido e o que é manipulação ou ação agressiva de militantes ou "não militantes" (que o diga o filho do Lula).

E por falar em pagamentos. Tá ai outro fenômeno difícil de entender: “O PT paga seus militantes com dinheiro público”. É estranho ouvir isso, pois,  o PT é o segundo partido com mais filiados, muitos deles bem fiéis a causa (um exemplo foi o pagamento das multas de Genoino, José Dirceu e Delubio), isso sem contar as doações (muitas deles de empreiteiras) e o dinheiro, aí sim público, do fundo partidário (algo que todos partidos recebem). Nem entro no mérito se o partido rouba ou não, mas, é meio estranho imaginar que ele “roubaria” dos cofres públicos alguns “trocados” (falo em trocados, fazendo um paralelo entre verba da União e o que é gasto com militância) para gastar com militantes. É mais ou menos aquele lance de “ser inocente” ou não “saber fazer o jogo”, o que, sinceramente, não acredito que seja uma falha do Partido dos Trabalhadores (para o bem ou para o mal é um partido muito bem articulado).

E o mesmo vale para os outros partidos, o PMDB tem o maior número de filiados no país. Será que ele precisa “roubar” dos cofres públicos para gastar com militância? O PSDB governa há mais de 20 anos o Estado mais rico do Brasil. Porém, acho inimaginável que o dinheiro arrecadado nesses anos é desviado para “gastar com militância”. Não que os partidos não “utilizem a máquina”, no entanto, creio que de forma mais inteligente.

Sobre o jornalismo pago – Já havia comentado algo aqui:

E isso não vale apenas para os "comuns". Outro fator importante nesse meio todo é o partidarismo da imprensa. Dizer que a imparcialidade é uma lenda, para quem estuda comunicação, é quase uma unanimidade, todavia, isso não significa que se determinado grupo de comunicação, ou mesmo pessoa, que assume ser partidário, será automaticamente um “vendido” e qualquer tipo de informação passada por esse meio (ou pessoa) não deverá ser levada em consideração. Existem diversos jornalistas que não são partidários, porém, são extremamente mercenários (olá, tudo bem?), e outros que mesmo assumindo “ser de um lado”, conseguem fazer seu trabalho da forma mais coerente possível. E aí cabe curiosamente a muitos que criticam a “cegueira” de quem é partidário, saber minimamente refletir, sem qualquer tipo de pré-conceito, sobre o que é uma informação coerente (esqueça a imparcialidade) e uma totalmente manipulada (adoro essa palavra, nunca sai de moda).

A imparcialidade é uma lenda. Ok. Isso é fato. Mas, a partir do momento em sua ofício é ser jornalista, o seu “produto”, diferente do militante, é a informação que deve ser passada da forma menos “maquiada” possível (ta, eu sei... eu sei...). A linha editorial sempre existirá. Por exemplo, a partir do momento em que o PT governa o país e consequentemente tem maior influência sobre nossa TV pública (TV Brasil) é evidente que a “linha editorial” da emissora será mais “pró” o Partido (apesar de, particularmente, eu achar grosseiro o Emir Sader como comentarista político). Todavia, apesar da sua linha editorial, a tv (ou seu setor de jornalismo) não pode (ou deveria) atuar de militante e unilateral. Jornalista militante é assessor de imprensa com grife. Algo diferente. Que deveria ter um peso diferente.


Ps. Essa postagem não foi paga com dinheiro público desviado pelo PT. No entanto, qualquer coisa, estamos aí, né? Entrem em contato que eu passo o número da conta.