terça-feira, 22 de novembro de 2016

Simpatia e empatia


Aceito a tese de que diversas personas compõem a personalidade de uma pessoa. No entanto, para este texto, como sugere o título, focarei em duas das principais e que estão dentro da maioria de nós. A simpatia e a empatia. 

Dentro de todo um arcabouço de vivências dois tipos de personalidades se destacam. Existem as pessoas que falam pra muitos, que se expõem mais, estão em mais lugares e, com as redes sociais, dão opiniões sobre mais coisas. Elas parecem mais vivas, presentes, carismáticas. Essas são as pessoas simpáticas. Em contrapartida existem as que seguem o caminho, de certa forma, contrário, se expõem menos, se comunicam menos, parecem estar menos presentes e possuir menos carisma, por mais paradoxo que seja, essas são as empáticas.

Uso como exemplo os professores. Alguns conseguem falar para uma turma inteira (de 50 alunos), a mesma mensagem, os mesmos ensinamentos, no entanto, sem profundidade. Vão lá, dão sua aula da melhor forma possível e pronto. Esses são os simpáticos. E têm os que falam para menos, sua mensagem talvez não seja muito bem entendida por todos, porém, ele buscará sempre imergir da forma mais precisa nos alunos que têm mais potencial ou dificuldade, buscará observar as peculiaridades, e seus ensinamentos, para esses, irão fazer total diferença. São os empáticos.

E é assim. Uma pessoa simpática nunca conseguirá imergir de fato, nunca conseguirá ser 100% presente, porque, como disse anteriormente, seu círculo de relações é muito grande e ela sempre, por seu espírito protagonista, irá buscar empilhar mais e mais pessoas, e é impossível, assim, entender cada uma em sua individualidade. Não há o individual em multidões, há um eco que, talvez, lhe faça bem.

Já a empatia requer um trabalho a mais, uma disposição e talvez frustrações. Você mergulha em relações (em geral), absorve problemas, busca soluções, tenta enxergar, de fora, o que o outro não consegue ver. Isso lhe torna um/uma especialista nas pessoas. No entanto, também lhe torna mais sobrecarregado e com menos possibilidades. Lhe expõem a erros e, principalmente, lhe coloca em um estágio de coadjuvância.

Feita a separação é importante pontuar a proximidade. Evidentemente perfis se relacionam, empáticos não vivem com empáticos e simpáticos sempre com simpáticos. Não, pelo contrário, há uma troca. Para os simpáticos muitas vezes é necessária a existência de uma pessoa empática, mesmo que você busque uma vida com menos relações de imersão, sempre mais superficiais, sempre se movimentando e trocando peças de forma rápida, você precisará de algum tipo de porto seguro (que muitas vezes foge as relações familiares), precisará de alguém que minimamente saiba mais sobre você até porque, pelo caminho que você buscou, nem você sabe tão bem sobre si mesmo/a. Você pisa em vários caminhos porque lhe faz bem viver uma certa plenitude, no entanto, muitas vezes, não percebe onde pisa e pra isso conta o auxílio da empatia para lhe dizer “por aí não”.

Já o empático precisa do simpático para suas emersões, quando se imerge é necessário sair um pouco à margem para respirar, se atualizar. Talvez um dos maiores problemas do empático é se afogar (pois está preso) em sua própria empatia. Ignorar opções, perceber que é sempre possível emergir para imergir em outras situações. Ou seja, não consegue encontrar aquela luz na parte de cima. E, para isso, se apegar a luz de uma pessoa simpática (que normalmente são mais iluminados), o que se torna um refúgio. Um escape. De algum modo uma forma de se sentir mais presente. Menos coadjuvante.

Pessoalmente acredito que existem desvantagens para ambos. Mas não faço juízo de valor de bom ou ruim em ambos os perfis. A superficialidade não necessariamente é algo mau, pode ser apenas uma resposta a indiferença, medo, anseios. Assim como imergir demais pode fazer com que você não tenha forças para voltar ao topo e se afogue. Talvez algumas pessoas achem que o melhor é encontrar o meio termo. Não sei. Meio termo já possuímos na vida por limitar nossas escolhas. Em relação a isso, um meio termo em dados momentos poderia ser proveitoso, em outros, e principalmente se fosse feito de forma forjada, nos levaria a negação do que somos e a busca do que não somos. Não seriamos nada.


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